Uma vez, a meio de uma conversa, surgiu a estranha promessa de que não me iria apegar a ti, para que não me viesse a magoar no futuro. Escusado será dizer que não só me apeguei, como me apaixonei e me vi num beco sem saída, consciente de que não acabaria por sair bem daquele tornado.
Durante alguns tempos, estivemos no olho do tornado, em que tudo estava calmo, não havia qualquer preocupação e cada dia que passava, fazias-me apaixonar de novo. Sentia-me nas nuvens e pensei, por uns tempos, que nada poderia mudar a maneira como me sentia. Pensei que estivesse tudo bem e que mesmo que tivesse feito a promessa de que não me ia apaixonar, ias acabar por perceber que realmente valia a pena. As coisas não podiam ser unilaterais, não era? Ficávamos acordados a noite inteira, às vezes a falar sobre nada em concreto, outras vezes a filosofar e até a trocar elogios e pequenos textos amorosos. Perdi a conta aos suspiros que me apanhava a dar quando chegava a hora da noite em que já sabia em que as coisas iam virar do normal para o adorável. Já nem sei as vezes que voltei atrás para ler as conversas que tínhamos, parcialmente na esperança de encontrar aquilo que fez com que nos afastássemos definitivamente.
Apresentaste-me novos estilos de música, entre outras coisas que eu agora não consigo fazer sem dar por mim com um nó no estômago a pensar no passado.
Se calhar as coisas tinham que acontecer assim e, se é que existe tal coisa, não estaria destinado a passar daquilo que foi. Pode ser que um dia mais tarde os nossos caminhos se voltem a cruzar e nós possamos rir do passado sem qualquer réstia de mágoa e pode ser que te consiga encarar sem que sinta um bocadinho de mim a morrer.
E espero que um dia olhes para trás e vejas que eu não consegui cumprir a minha promessa.