quarta-feira, 22 de novembro de 2017

dream a little dream of me

No outro dia tive um sonho estranhamente vivido, ao ponto que quando acordei fiquei a pensar se aquilo seriam memórias ou se tinha sonhado aquilo. Sonhei que podiamos ser minimamente civis um com o outro, quando na realidade fui eu que pus essa opção de parte desde muito cedo e sempre insisti que assim fosse. Sempre achei que tivesses uma personalidade tóxica, há anos que a tens e não seria agora que isso mudaria por obra do Espírito Santo. 

Sempre recusei a ideia de que poderiamos ser amigos depois de termos tanta bagagem e essa ideia não desapareceu, de todo, contudo, o sonho que tive deixou-me algo confusa. Nunca tivemos um período de experiência antes de nos atirarmos de cabeça para o que quer que a nossa relação possa ter sido há tantos anos. Depos de tudo ir pelo cano abaixo, o rancor era tanto que se te visse à frente, te desfazia e depois voltava para casa e dormia que nem um bebé, sem ponta de remorsos. Passados tantoa anos, continuo a não ser a tua fã número 1, ou número 1 000 000, para todos os efeitos, mas estou livre de qualquer sentimento que possa ter tido no passado. O contrário não se podia verificar, se não começava a questionar seriamente a minha sanidade. 

Não sei que sentido fará sermos amigos quando já sabemos que esta combinação não resulta nem que nos pintemos de azul. Para além disso, o que raio vou dizer a todas as pessoas que me viram sofrer? Que de repente achei engraçado voltar a dar-me com a pessoa que me quebrou por completo no passado? É verdade que ninguém tem nada a ver com as amizades que eu escolho ter e que já sou uma menina crescidinha, mas não é, no mínimo, uma situação constrangedora? Não gosto de ter que esconder as pessoas com quem me dou, nunca me senti na necessidade de o fazer no passado e gostava de previnir que tal acontecesse no futuro. Também não posso negar que aquele coração partido não tivesse o seu lado menos mau, ou até positivo. Se nada daquilo tivesse acontecido, eu não tinha crescido enquanto pessoa e não seria hoje a pessoa que sou. Não sou vítima de nada, sou uma pessoa mais forte, mais decidida e mais confiante nas minhas capacidades do que alguma vez fui na vida. Não aceito que me façam metade das coisas que fizeram, não admito ser menos que ninguém e ganhei a capacidade de dizer “não”, se for isso que eu quero e não ceder a chantagens. Sou muito mais chata, resmungona e sou ainda mais teimosa do que uma mula, mas em compensação sou uma pessoa que encontra felicidade nas coisas pequenas e não estou, de forma alguma, insatisfeita com a minha personalidade (porque ninguém vai gostar de mim com este feitio, não é?). 

Já não sou o pilar emocional que fui em tempos, pelo menos não para ti porque perdi a capacidade de me preocupar. Sinto compaixão, but I am no longer able to give any fucks. 

Mesmo assim...
O sonho que tive deixou-me mais confusa do que eu gostaria de admitir.