quinta-feira, 15 de março de 2018

Orihime & Hikoboshi

O Tanabata é um festival japonês com origens no festival chinês Qixi, que por sua vez tem origem numa lenda que envolve as divindades Orihime e Hikoboshi, representados pelas estrelas Vega e Altair respetivamente. Tanabata tanto se escreve 七夕 na leitura chinesa ou utilizando os caracteres atuais (たなばた), mas essencialmente quer dizer "festival da estrela" ou "noite do sétimo" porque se realiza uma vez por ano no sétimo dia do sétimo mês lunar do calendário lunissolar. Assim sendo, as festividades têm início no dia 7 de julho do calendário gregoriano, tendo celebrações dispersas pelos meses de julho e agosto.

O festival foi introduzido no Japão por uma imperatriz no ano 755 e ganhou popularidade com o público em geral durante o período de Edo (1603-1868), misturando-se com a celebração do Obon.

Não estou a contar esta história só porque sim, esta introdução, apesar de curta, demorou alguns dias a escrever porque estava sempre com preguiça de pesquisar. Para além disso como eu sou uma pessoa geralmente desorganizada, já comecei a escreve isto umas seis vezes em sítios diferentes e continuo a perdê-los.
Já não me lembro ao certo qual foi a primeira vez em que ouvi falar do Tanabata, mas aquela que despertou a minha atenção foi um drama japonês. Se não me engano, estavam em cenas duas personagens femininas, uma adulta e uma criança. Na cena, estava a chover e a criança estava à janela, a adulta sugere fazerem teru teru bozu que são bonecos feitos em trapo branco trazem bom tempo, previnem e/ou param a chuva. No seguimento disso, veem-se os bonecos pendurados na varanda e a criança pergunta “Achas que este ano a Orihime e o Hikoboshi se vão encontrar?”. A personagem adulta sorri, olhando para o céu e acena afirmativamente com a cabeça.
Depois desta cena, a chuva para e nunca mais se fala da Orihime e do Hikoboshi o resto do drama, o que despertou logo a minha curiosidade que sofre de insónias e nunca chega a dormir. Quando acabei de ver a série, por lapso, esqueci-me de pesquisar sobre o assunto e quando queria pesquisar, já não me lembrava dos nomes. Passado algum tempo, voltei a ouvir falar do assunto e parei imediatamente o que estava a fazer para guardar a página da Wikipédia que agora tenho aberta para me ajudar neste post.

(Quem me conhece sabe que eu consumo tudo o que seja media japonesa em quantidades pouco saudáveis, por isso era uma questão de tempo até voltar a surgir o Tanabata)

Seguindo para o que realmente interessa: a lenda.

Orihime é o nome dado à Princesa da Tecelagem, filha de Tentei, o rei do céu ou do universo (nome literal). A princesa tecia roupas à margem do rio Amanogawa (Via Láctea) e embora recebesse muitos elogios do pai, nunca estava realmente satisfeita porque, por causa do seu trabalho árduo, não podia conhecer ninguém e não tinha esperanças de se apaixonar. Preocupado com a filha, Tentei apresenta-a a Hikoboshi (literalmente "rapaz estrela"), um pastor que vivia e tinha o seu armento do outro lado do Amanogawa. Os dois apaixonam-se à primeira vista e acabam por se casar.

Depois de se casarem, Orihime deixa de tecer para o pai, que, num acesso de raiva, separa os amantes em cada margem do Amanogawa e proíbe-os de se encontrarem. A princesa, devastada pela perda do seu marido, implora a Tentei que o deixe ver de novo. Movido pelas palavras da filha, Tentei permite que os dois se encontrem no sétimo dia do sétimo mês se ela voltasse a tecer e conclui-se o seu trabalho.

Porém, no primeiro ano em que era suposto encontrarem-se, Orihime e Hikoboshi percebem que não conseguiriam atravessar o rio porque não existia uma ponte. A princesa chorou tanto que um grupo de pegas apareceu e prometeu criar uma ponte com as suas asas para que ela pudesse atravessar o rio. Reza a lenda que se chover no Tanabata, as pegas não aparecem e os dois amantes tem que esperar mais um ano para se verem.

Por algum motivo, a história de Orihime e Hikoboshi mexeu comigo da primeira vez que a li e nunca fui capaz de me esquecer dela. Sempre que chove, sem exceção, lembro-me dos dois amantes separados por uma galáxia, dependente das condições atmosféricas e de um bando de pássaros para se poderem encontrar um dia por ano. Chuva em julho, no sítio onde eu vivo é um fenómeno estranho por ser verão, mas não duvido que noutros sítios, principalmente no hemisfério sul, não seja assim tão peculiar. Para além disso, não estou completamente familiarizada com o calendário da época das monções na Ásia, por isso não sei com que frequência choverá em julho no Japão, onde se celebra o Tanabata. Sei, no entanto, que vou começar a prestar mais atenção à meteorologia em julho e, se por algum motivo chover aqui ou do outro lado do mundo, eu própria farei um teru teru bozu para os dois star crossed lovers, mesmo que não seja uma pessoa especialmente dada a superstições.

Tendo em conta que não sou uma pessoa espiritual, religiosa, supersticiosa e que não dá grande atenção a assuntos relacionados com fé, parece um bocado parvo escrever que me importo tanto com estas divindades. Contudo, o “problema” que se mete aqui é que eu sou uma romântica incurável e que me rendo a toda e qualquer história de amor, mesmo aquelas de origem religiosa.

(Uma ressalva para a minha falta de interesse no Orlando Bloom e a Keira Knightley nos Piratas das Caraíbas, embora a história seja relativamente idêntica. O meu coração só tem espaço para uma história destas de cada vez, sorry.)

Durante o Tanabata penduram-se tanzaku, essencialmente retângulos de papel pendurados em bamboo com desejos escritos em verso. Depois do festival, o bamboo e as decorações são atiradas ao rio ou queimadas. Talvez este ano pendure um tanzaku numa árvore aqui no quintal, mas duvido que a memória me assista nisso.


Espero que este ano a Orihime e o Hikoboshi se possam encontrar.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Fresh start

Embora o novo ano já tenha começado há algum tempo, ainda vou a tempo para começar a pensar nas minhas resoluções e mudanças que preciso de fazer definitivamente. Mesmo que todos os anos faça a promessa de mudar, quando chega a fevereiro a preguiça fala sempre mais alto e acabamos por não seguir com nada daquilo que pensamos no dia 31, pois este ano espero que seja o meu ano de mudar e vou tentar fazer por isso.

1.
Quero começar a tratar melhor de mim, tanto física como psicologicamente porque preciso e porque mereço. Quero dormir melhor porque vejo que cada vez tenho olheiras mais negras, quero começar a lidar mais abertamente com a minha ansiedade, seja procurar ajuda profissional ou simplesmente começar a falar sobre isso com os meus amigos. Já decidi que vou começar a treinar mais a sério mesmo que não seja num ginásio porque quero voltar a jogar com as mesmas capacidades que tinha antes e não me quero sentir tão cansada tão depressa como sinto agora. Quero começar a escrever todas as semanas nem que seja num estilo de diário porque é uma escapatória à realidade visto que posso escrever o que quero que é provável que ninguém que conheça venha a ler estas idiotices. Quero começar a pensar mais no que eu quero realmente fazer e deixar de ocupar a minha cabeça com coisas que não interessam.

2.
Quero ser uma pessoa melhor para as pessoas que genuinamente se importam comigo. Tenho sorte de dizer que quanto mais me exponho a pessoas fora da minha família, menos sinto que há algo de errado com a minha personalidade. Sempre ouvi o comentário de que sou muito teimosa, de que sou muito exigente com as pessoas com que me dou e que me desapego com muita facilidade quando as coisas acabam e talvez isso seja verdade, mas aos poucos estou a voltar a aprender a ver o lado bom das pessoas que me rodeiam.
A faculdade, por mais estranho que possa parecer, deu-me uma nova esperança no que toca a amigos e conheci das pessoas mais genuínas e que gostam de mim mesmo com todas as minhas peculiaridades. A expressão "és tão estranha", agora tem a conotação de "... mas eu gosto tanto de ti", enquanto que há alguns anos os olhares de lado transmitiam uma ideia de que eu era um bicho com sete cornos. Quero esforçar-me mais e entregar-me mais a estas pessoas que fazem o que podem por mim e quero dar-lhes o mundo porque elas merecem, só pelo simples facto de lidarem bem comigo.

3.
Quero celebrar mais as pequenas coisas da vida, mas não necessariamente contentar-me com pouco no meu dia-a-dia. Quero deixar de ver o lado negativo das coisas quando não é preciso porque as coisas não tem que ser más só porque estou mal disposta, a vida é suposto ser mais agradável do que isso.

4.
Finalmente acho que quero esforçar-me mais para fazer as coisas que preciso de fazer, mas que vou sempre adiando, sejam coisas importantes ou menos importantes. Quero começar a estudar mais antecedência porque estou cansada do stress ligado à procrastinação, quero começar a fazer as coisas mais cedo porque estou cansada do estado permanente de stress a que me sujeito mais do que duas vezes por ano quando chega a época dos exames...

Não que isto vá fazer de mim uma pessoa melhor no geral, mas acho que manter um "diário" regularmente me vai ajudar a ser uma pessoa mais relaxada e mais descansada.

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

dream a little dream of me

No outro dia tive um sonho estranhamente vivido, ao ponto que quando acordei fiquei a pensar se aquilo seriam memórias ou se tinha sonhado aquilo. Sonhei que podiamos ser minimamente civis um com o outro, quando na realidade fui eu que pus essa opção de parte desde muito cedo e sempre insisti que assim fosse. Sempre achei que tivesses uma personalidade tóxica, há anos que a tens e não seria agora que isso mudaria por obra do Espírito Santo. 

Sempre recusei a ideia de que poderiamos ser amigos depois de termos tanta bagagem e essa ideia não desapareceu, de todo, contudo, o sonho que tive deixou-me algo confusa. Nunca tivemos um período de experiência antes de nos atirarmos de cabeça para o que quer que a nossa relação possa ter sido há tantos anos. Depos de tudo ir pelo cano abaixo, o rancor era tanto que se te visse à frente, te desfazia e depois voltava para casa e dormia que nem um bebé, sem ponta de remorsos. Passados tantoa anos, continuo a não ser a tua fã número 1, ou número 1 000 000, para todos os efeitos, mas estou livre de qualquer sentimento que possa ter tido no passado. O contrário não se podia verificar, se não começava a questionar seriamente a minha sanidade. 

Não sei que sentido fará sermos amigos quando já sabemos que esta combinação não resulta nem que nos pintemos de azul. Para além disso, o que raio vou dizer a todas as pessoas que me viram sofrer? Que de repente achei engraçado voltar a dar-me com a pessoa que me quebrou por completo no passado? É verdade que ninguém tem nada a ver com as amizades que eu escolho ter e que já sou uma menina crescidinha, mas não é, no mínimo, uma situação constrangedora? Não gosto de ter que esconder as pessoas com quem me dou, nunca me senti na necessidade de o fazer no passado e gostava de previnir que tal acontecesse no futuro. Também não posso negar que aquele coração partido não tivesse o seu lado menos mau, ou até positivo. Se nada daquilo tivesse acontecido, eu não tinha crescido enquanto pessoa e não seria hoje a pessoa que sou. Não sou vítima de nada, sou uma pessoa mais forte, mais decidida e mais confiante nas minhas capacidades do que alguma vez fui na vida. Não aceito que me façam metade das coisas que fizeram, não admito ser menos que ninguém e ganhei a capacidade de dizer “não”, se for isso que eu quero e não ceder a chantagens. Sou muito mais chata, resmungona e sou ainda mais teimosa do que uma mula, mas em compensação sou uma pessoa que encontra felicidade nas coisas pequenas e não estou, de forma alguma, insatisfeita com a minha personalidade (porque ninguém vai gostar de mim com este feitio, não é?). 

Já não sou o pilar emocional que fui em tempos, pelo menos não para ti porque perdi a capacidade de me preocupar. Sinto compaixão, but I am no longer able to give any fucks. 

Mesmo assim...
O sonho que tive deixou-me mais confusa do que eu gostaria de admitir. 

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Please Come Over

"Estou a morrer, estou a morrer."

Por mais que às vezes queira enterrar o assunto, a ansiedade sempre fez parte das minhas memórias e é algo que me envergonha. Nunca é um assunto particularmente fácil de partilhar com quem quer que seja e tenho a tendência de cada vez falar menos do assunto à medida que o tempo vai passando. Se calhar começo a habituar-me a esta sensação quase permanente de desconforto, de ansiedade (passando a redundância). 

Ainda me lembro bem da primeira vez em que, enquanto tentava dormir, o meu cérebro me levou para pensamentos mais estranhos. Quando dei por mim, estava sentada na cama, agarrada ao colarinho do meu pijama e a gritar pelos meus pais porque não sabia o que se passava comigo. Estava a ter suores frios, a minha respiração acelerou de uma maneira estúpida, o meu coração desacelerou por segundos e depois batia com tanta força que parecia que me ia sair do peito a qualquer momento. Lembro-me como se fosse ontem do pânico que se instalou em casa a meio da noite, do meu pai a conduzir para o hospital o mais depressa que podia, a minha cabeça no colo da minha mãe e eu não conseguia acalmar-me por nada deste mundo. Lembro-me do pediatra, de me medirem a tensão, de me fazerem um electrocardiograma e lembro-me tão bem...

"Está tudo bem com a menina."

E como é que eu podia dizer que não estava tudo bem? Já não me sentia como me estava a sentir em casa, o meu coração já não estava acelerado e já não tinha aqueles suores frios. Não tinha nada, estava tudo bem comigo.

Depois disso seguiram-se mais episódios daqueles, embora mais nenhuma viagem para as urgências como daquela maneira. Já tinha uma máquina para medir a tensão ao pé da cama, só para o caso daquilo acontecer outra vez. Fizeram-me exames só por descargo de consciência, ligaram-me a uma máquina enquanto dormia e eu na altura não entendi para que era aquilo. Mais uma vez, estava tudo bem comigo.

Tinha seis anos quando tive um ataque de pânico pela primeira vez e demorei muito tempo a perceber o que podia estar a acontecer comigo. Porém, aqueles episódios no médico e toda a preocupação dos meus pais, fez com que eu acabasse por deixar de os chamar a meio da noite. Assim demonstrava que estava tudo bem, no fundo não havia nada que pudesse ser preocupante, por isso não havia motivo para preocupar ninguém com isso.

Aos poucos, fui falando cada vez menos dos pequenos ataques de pânico que iam acontecendo aqui e ali. Umas vezes com mais frequência, outras vezes com menos e enquanto envelhecia e ia progredindo na escola, ia dizendo que era só stress dos testes. Acho que a escola sempre foi um bom bode expiatório para culpar a ansiedade, até eu comecei a acreditar nisso. Não que faça muito sentido, mas pelo menos para mim havia um motivo, pelo menos não estava a ter aquilo só porque sim, continuava a não haver nada de errado comigo. 

Continua a ser um tópico difícil para mim, muitas das pessoas que eu considero mais próximas de mim não sabem que isto acontece. Não há praticamente ninguém que saiba a frequência com que estes episódios tem vindo a acontecer nos últimos anos. Quando tinha 16, e por motivos completamente diferentes, a minha mãe levou-me a uma psicóloga e falei-lhe de tudo o que se passava comigo, menos da ansiedade. Andava a lidar com perda nos seus mais variados tipos, andava perdida, sem saber quem era, mas mesmo assim, achei que ninguém precisava de saber da ansiedade. Mesmo hoje continuo a achar que ninguém precisa de saber que tenho sempre este demoniozinho a atormentar-me e a olhar para mim no canto da sala. Já tive que mentir para sair de o pé das minhas amigas porque já sabia o que ia acontecer e não queria que elas vissem o espectáculo macabro que é um ataque de pânico. Muito menos queria lidar com a pena que elas iriam sentir por mim, nem queria que elas se sentissem obrigadas a confortar-me, quando nem eu sei como me confortar a mim mesma.

Sempre achei, e continuo a achar, que ninguém pode ver-me a ter um um ataque de pânico outra vez porque me deixa demasiado vulnerável. Mostrar vulnerabilidade, chorar, confessar que "não estou bem" já nem é uma opção, porque eu não quero ter essa opção. Só que, ao mesmo tempo, também a quero. Gostava de ter mais facilidade em falar sobre estas coisas, gostava, mas ao mesmo tempo não gostava. Já quebrei uma vez, como seria de esperar. Liguei à minha mãe em desespero e pedi-lhe para sair do trabalho e vir para casa porque não estava a sentir-me bem. Quando ela chegou a casa e me perguntou o que se passava, a resposta não foi "ansiedade", foi "ah, estou mal disposta, tonturas". Quando a vi preocupada, pensei para mim mesma que se calhar a resposta não ia justificar tê-la chamado daquela maneira e tão de repente. Deitei a cabeça no colo dela e não disse nada, foi como daquela primeira vez.

Hoje continua a acontecer, claro que continua. Continua a ser umas vezes com mais frequência, noutras alturas consigo estar uma quantidade considerável de tempo sem qualquer tipo de queixas. Continua a ser complicado para mim falar disto, nem eu sei o que resulta de cada vez que me sinto assim.

Parece estranho, de uma maneira muito simplificada, se calhar o que eu queria é que alguém olhasse para mim e soubesse logo o que se estava a passar, mesmo antes de isso acontecer. Os meus gatos adivinham, muitas das vezes em que estou em casa e vêm deitar-se aos meus pés, quase para me confortarem. Queria alguém que tivesse a intuição dos meus gatos, embora isso não seja realístico, por isso continua a estar tudo bem comigo.

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

a chick's friendship

Estas coisas tiram-me do sério de uma maneira que eu nem sequer consigo explicar por palavras. Tira-me do sério e agora não consigo concentrar-me realmente em mais nada enquanto não conseguir expressar toda a raiva que tenho vindo a acumular.

Mas estamos a brincar com quem, afinal?

Cada vez que falo deste assunto em particular, dizem-me que ficar chateada não me vale de nada e que mais vale nem pensar muito nisso. 

Foda-se.

Se há coisa que eu tenho vindo a suportar menos e menos é perder o meu tempo ou que me façam perder tempo, porque infelizmente é um bem cada vez mais escasso. Cada vez o dia parece ter menos horas e quando dou por mim, o dia já passou e eu não fiz absolutamente nada do que devia ter feito. Tendo isso em conta, desperdiçar tempo é um luxo a que eu não posso aceder nos dias que correm, seja pela proximidade das frequências ou por causa da correria do estágio e acho que se justifica. Com o passar do tempo, dou por mim a ficar mais selectiva nas escolhas que tenho no dia-a-dia, desde o que compro às pessoas de quem me rodeio.

Irrita-me, tira-me do sério chegar ao fim de uma coisa, ver que perdi o meu tempo e que afinal nada importa. Pode ser egoísta, pode ser irracional até, mas não consigo lidar com estas coisas por mais que me tentem dizer como reagir. Não consigo suportar quando uma pessoa me faz apegar a ela e depois me faz ficar tão chateada e tão desiludida ao mesmo tempo que quase dói fisicamente.

Sempre achei que não seria por ter más experiências com isto ou com aquilo que ia deixar de fazer o que quer que fosse. Tive desilusões amorosas e com amigas, mas sempre me convenci de que essas coisas fazem parte e que, de uma maneira ou outra, são coisas virtualmente impossíveis de evitar. Mesmo assim, sempre quis pensar de que já teria um pouco mais de juízo do que isso e que seria capaz de saber, na maior parte dos casos, quando investir o meu tempo em alguém. Se estou a escrever isto é óbvio que me enganei, mas não quero discutir, não quero levar com mais culpas.

Porque eu conheço o teu feitio.

Pois é, estive um ano a ser o rochedo e a tentar desviar-te de erros que poderias ter evitado facilmente. Agora entendo quando a minha mãe me dizia que às vezes não me dizia certas coisas porque sabia que eu tinha que dar as minhas próprias cabeçadas e que lá me ajudava a evitar outras mais desnecessárias. Contudo, esse é o papel da mãe e não da amiga, mas era esse papel que eu tinha e acabava por ser a má da fita. Encorajei-te a cometer loucuras porque são saudáveis, a adrenalina que nos enche as veias não é igualada por qualquer outro sentimento, mas também fiz outro papel. Achei que na altura precisavas de ouvir coisas, disse-te muitas vezes hesitante porque tens mau feitio, sempre o disseste. Disparatavas por tudo e por nada, eras hipersensível e uma frase que te agradasse menos já era desculpa para começares a gritar no meio da rua. Ninguém podia levantar-te a voz, mas se alguém de atrevesse a fazê-lo, levava na mesma moeda, com juros a e até taxavas impostos. O que mais me irritava é que guardavas remorsos, eras capaz de estar bem uma semana e depois voltar a queixar-te de um assunto que supostamente estava mais do que arrumado.

É mesmo essa a ideia que tens do que é uma amizade? Discutir por tudo e por nada? Eu nem aturo isso de um rapaz, quanto mais de uma amiga que eu não conheço assim há tanto tempo... e sei que não passei assim tanto porque ouvi muito pior. Será que é para isso que as amigas servem. na tua cabeça? Somos seres que podem ser postos de parte e que depois vão estar lá na mesma quando voltares a precisar? Os cães fazem isso porque nos amam incondicionalmente, mas até eles acabam por se virar se formos negligentes com eles. Por um lado até foi isso que aconteceu.

Viemos substituir as amigas que já não queriam saber, não é? Lidando com o teu feitio, acabaram por arranjar mecanismos para se habituarem, aposto que já faziam orelhas moucas de cada vez que começavas os teus imensos temper tantrums. Aposto que já nem tentavam fazer comentários de cada vez que começavas com os teus dramas e fingiam que não entendiam quando pedias alguma opinião, porque acabei por aprender da pior maneira que quando pedes uma opinião, é para magicamente adivinhar aquilo que queres ouvir.

Mas eu que me foda se falar e eu que me foda se não falar, não é?

Quando deixei de querer manifestar a minha opinião porque sabia que não ias gostar, o meu pagamento foi gritares comigo porque achavas que eu estava chateada contigo. Nem estava, mas podia ter ficado, porque passei uma das maiores vergonhas da minha vida. Sendo uma pessoa muito calada e bastante tímida, nunca consegui lidar bem com demasiados olhares postos em mim. Ia tendo um ataque de ansiedade quando decidiste começar a gritar comigo no meio de uma sala com quase duzentas pessoas e será que não entendeste isso? Aposto que não. 

No meio destas coisas todas, perdi horas de sono a preocupar-me porque sabia que estavas a entrar num ciclo vicioso de asneiras. Perdi sono, horas e horas de sono porque estava preocupada, porque chegaste a ligar-me de madrugada porque? Porque tinhas feito mais merda e não sabias como lidar com as consequências. Sabe Deus o que dirias se eu tivesse acordado para atender aquela chamada e sabe Deus o que eu te diria. diria muito pior do que te disse na altura. Mesmo assim não fui eu que levei com a pior dose porque sou a que está fora de alcance. Para além de morar longe, inconscientemente estava a ler todos os sinais de aviso que foste dando, todas as bombas que foste largando como quem não quer a coisa. Dizias que éramos só tuas conhecidas porque as amigas acabam por se abandonar umas às outras e porque sempre tiveste más experiências com amigas. Contudo, a quem é que ligavas quando estavas preocupada? Em que casas te ias meter quando te metias em merdas ou quando precisavas de um alibi para os teus pais? Não sei se estás como a Dori e já não te lembras de quem estava lá para ti, quando te queixavas de que as tuas amigas verdadeiras já não queriam saber.

No meio disto tudo qual foi o nosso pagamento?

Agora as coisas estão um mar de rosas, não é? As amigas verdadeiras voltaram a querer saber, de um momento para outro, agora está tudo bem e as conhecidas já não são precisas. Pelo menos não vou ter que ficar invalidada por ser mais nova, pelo menos não vou ter que me preocupar, porque agora desemerda-te. Agora que te pode ser conveniente falar outra vez, já mandas mensagens, pois agora fode-te, porque eu já não estou cá.

Gostava muito de poder ser a pessoa maior no meio disto tudo e de vir com aquelas tretas de que estarei sempre cá se precisares de mim, mas não sou. Agora é a altura de ter a atitude da criança por que sempre me tomaste e eu não vou estar cá, simplesmente não vou, recuso-me a ser usada por conveniência.

Que se foda a segunda oportunidade.

Que te fodas tu.


realitytvgifs unimpressed bianca del rio haha no

terça-feira, 26 de abril de 2016

Retrospectiva

Às vezes dou por mim a pensar na pessoa que era há uns anos, quando o meu maior problema era saber se conseguia sair das aulas às 18:30 e estar no treino às 19h. Rapazes? Pfff, isso eram histórias de quem tinha tempo e paciência para isso e eu achava-me imune a piroseiras dessas, os ingénuos 14 de que eu tanto disfrutei. 
Começa tudo numa bela pré-época de verão, os treinos eram duros para voltarmos a estar em forma depois de dois meses de procrastinação, os jogos de treino já a bater à porta. Na altura só queria saber dos treinos bi-diários, do desporto que praticava tão apaixonadamente, visto que não tinha mais nada que fazer, mas durante o verão e com 14 anos, não seria de admirar, não é?
Agora dou por mim a pensar nos 5 anos que se seguiram, sentada à frente do computador com uns frescos 19 anos, preocupada com a universidade e com os treinos que dou. A vida corre bem, estou a estudar algo de que realmente gosto, mesmo que tenha crises e que me desmotive por notas azedas ou por stress próprio da vida académica. Dou treinos do desporto que mais gosto no âmbito de uma actividade extra curricular que está cada vez mais próximo de ser um clube federado e estou a transmitir o meu amor pelo desporto a crianças que querem aprender e querem saber aquilo que eu tenho para lhes ensinar. Sei dar valor ao trabalho dos treinadores com quem vim a trabalhar ao longo dos anos em que joguei e agora sim, sei louvar-lhes a paciência e sei agradecer-lhes toda a dedicação que eles metiam todos os dias para três treinos semanais e um jogo ou dois por semana. Passei de pseudo jogadora, a pseudo seccionista, a pseudo treinadora e gostei de fazer tudo, fiz o físico, o burocrático e agora, de certa maneira, o pedagógico. Rodeei-me de pessoas de que realmente gosto, embora seja especialmente selectiva em relação às pessoas a quem escolho dedicar o meu tempo, visto que cada vez mais me convenço de que não vale a pena dar-me com as pessoas e fingir gostar só para parecer bem. Continuo a sentir imensas saudades das pessoas com quem passo menos tempo, que cruelmente são as pessoas com quem eu mais quero estar, mas fico imensamente feliz por me rodear de pessoas em quem confio e que me incentivam a lutar, que me congratulam quando bato objectivos e quando abro novos horizontes.
Aos 19 anos, publiquei um livro online, mesmo que não seja nada do outro mundo, Estou no ensino superior como milhares de outras pessoas da minha idade, mas para além de estudante universitária, acho que posso dizer que sou muito mais do que isso. Aventurei-me a ir sozinha para um país que não conhecia, só porque queria saber orientar-me sozinha. Perdi-me, encontrei-me, tive imensas dificuldades em comunicar com pessoas que não sabiam falar mais nenhum idioma sem ser o materno, mas guardo a experiência e as pessoas que me acolheram na sua casa durante uma semana, que me levaram a passear quando puderam, que se esforçaram como podiam para que eu me sentisse em casa, mesmo estando tão longe. Ainda hoje lhes agradeço a experiência de me deixarem ficar com eles e de me aconselharem sobre onde ir, onde comer, onde me sentar para ler um livro, por me darem tudo, não exigindo nada sem ser um "obrigada" e um sorriso no final dos dias em que lá estive.
Aventurei-me, fui espontânea, tracei novos objectivos para mim própria para me desafiar e para fazer com que cada dia fosse interessante e foram,
Mas as coisas nem sempre podiam ser um mar de aventuras, não é?
De uma maneira meio satírica, acho que fui ficando mais forte através do mesmo método que certos praticantes de artes marciais usam. Fui levando tanta cacetada, que me fui fortalecendo e, ao mesmo tempo, comecei a ser capaz de me defender dos ataques que se foram seguindo.
Disseram-me que eu não valia nada, disseram-me que ninguém ia gostar de mim por causa do meu corpo e porque era chata, aborrecida, isto e aquilo. A pessoa de quem eu mais gostava disse-me essas coisas e eu calei e comi, mas fico tão contente quando penso que hoje não seria assim e que hoje já não aceito essas coisas... era pequena, aceitei coisas que ninguém deve aceitar e se calhar por medo de perder mais coisas quando já tinha perdido tanto, num espaço tão curto de tempo.
É cliché, não é? Dizer que aprendemos com os erros e que não vamos cair nas mesmas coisa outra vez, mas certas coisas merecem cair nesse buraco. Certos erros imploram para não serem cometidos outra vez e estes são especialmente perigosos,
Porque mesmo que eu não esteja completamente satisfeita com a minha imagem corporal, tenho que pensar que não vou gostar de mim porque tenho meia dúzia de que quilos a mais? Que me perdoem as vulgaridades, mas os quilos a mais que se fodam, porque sei que sou muito mais do que isso. Sei que a pessoa que me disse essas coisas continua a achar que nunca me disse nada de errado, que tudo o que disse foi culpa minha e eu vou deixar essa pessoa acreditar no que quer, mesmo correndo o risco parecer ter algum complexo de superioridade. Não vou viver em amargura e em azedume o resto da vida por causa de palavras vindas de uma pessoa que sentia a necessidade de me rebaixar para se erguer e sentir que pelo menos estava melhor do que eu.
Briguei, mesmo que uma ou duas vezes, conformei-me e calei-me para não criar conflitos desnecessários, falei quando não queria, calei-me quando não devia. Deixei escapar oportunidades de dizer o que sentia, deixei escapar oportunidades de dizer "amo-te" a quem realmente merecia ouvir isso (e ainda merece, eu é que me convenci de que é tarde demais), mas se não fosse assim, como é que seria?
Se não tivesse tropeçado tantas vezes desde desse verão em que tinha 14 anos, que tipo de projecto de pessoa seria eu? Será que era forte como acho que sou, ou continuava a ser uma pessoa fraca que não se conseguia defender? Será que acabava por ter as mesmas oportunidades, será que acabava por conhecer as mesmas pessoas e acabava por sentir as coisas maravilhosas que senti, por saber quando confiar? Não acertei sempre, é verdade, mas abri portas a tantos sentimentos novos, a tantas sensações que desconhecia, aprendi a olhar para as coisas com outros olhos e a encontrar beleza nas coisas mais peculiares.
Entrando novamente no clichés, todos os erros que cometi, fizeram de mim a pessoa que sou. Mesmo que não seja o modelo padrão, mesmo que não seja a melhor coisa do mundo, não é assim tão mau, não é? Umas vezes capaz de impedir que cometam os mesmos erros que eu, mas recentemente aprendendo que às vezes as pessoas tem mesmo que bater com a cabeça na parede.
Aprendi a gostar das pessoas de uma maneira diferente, se calhar porque me tornei mais selectiva, aprendi a ouvir melhor e a falar mais também, porque realmente precisava. Aprendi a valorizar de uma maneira diferente as pessoas que chegam ao final do dia e me perguntam "Então, como foi o dia?" com um interesse genuíno em ouvir aquilo que tenho para dizer...

E mesmo assim às vezes arrependo-me de não poder retribuir o favor e ouvir mais.

Enfim...

Clichés.


sábado, 30 de janeiro de 2016

carta aberta

Esta é uma carta aberta a ti, que não sabes como me sinto. É um peso que tiro de cima do meu peito e vou libertar, como se estivesse a espalhar as cinzas das minhas memórias pelo oceano, vou libertar-me destas correntes que me impedem de falar de ti. Esta é uma maneira de poder dizer que te disse como me sinto, sem ter mesmo que te dizer o quanto gosto de ti.
Custa-me falar contigo todos os dias, praticamente a toda a hora e sentir-me forçada a não dizer aquilo que me vai realmente na mente e no coração. Para ser sincera, eu tenho medo, muito medo. Já vi esta situação acontecer demasiadas vezes mesmo debaixo do meu nariz, as coisas iam ser diferentes e eu não estou preparada para isso. Não estou preparada para não poder falar contigo da mesma maneira por estares ciente dos meus sentimentos e teres medo de dizer algo que me possa iludir ou que me possa magoar. Mesmo que aches que não, inconscientemente, as coisas mudam e nunca mais falaríamos da mesma maneira, não íamos ser capazes de ter as mesmas brincadeiras e as mesmas conversas intimas que sempre tivemos.
Para ser sincera, a ideia de não voltar a ter isso contigo, mantém-me acordada à noite, por mais dramático e até desnecessário que isto possa soar. Talvez esteja mal habituada e talvez não me deva de sentir tão especial como me sinto cada vez que falamos ou de cada vez que escolhes partilhar alguma coisa comigo só porque sim. Por mais que eu saiba que se não fosse eu, provavelmente seria outra pessoa, não consigo evitar sentir-me nas nuvens pelo simples facto de ser eu a poder estar lá por ti, mesmo que muitas vezes seja ao contrário. É estúpido, mas sei que estarias lá para mim para me dizer que vai ficar tudo bem, mas para depois me repreenderes e dizeres "vá, deixa de ser maricas", porque é precisamente o que eu preciso de ouvir.
Sabes quantas mensagens escrevi, mas para depois ficarem nos meus rascunhos? Eu diria demasiadas, porque sinceramente já perdi a conta. Sabes quantas vezes olhei para ti quando nos encontrávamos e apenas pedia para que um dia olhasses para mim da mesma maneira? Sabes quantas vezes olhei para as nossas fotos e me senti arrependida de não te ter confrontado para saber o que poderia sair dali? Mais uma vez, se calhar mais vezes do que eu gostaria de admitir.
Porém, sou tonta e escolho deliberadamente não te dizer nada. Por mais maricas que isto possa soar, sei que os meus sentimentos seriam quase que um fardo para ti e porque é que haveria de te dar essa preocupação quando a vida já te corre tão bem?
Podes nem ser o meu one and only podes até nem ser o homem da minha vida, por isso até me podias perguntar: "mas então porque todo este drama?". E eu dir-te-ia que tens toda a razão, que se calhar todo este texto é uma hipérbole e que se calhar daqui a uns anos vou dar por mim a ler isto e a pensar "mas que parva, onde é que eu tinha a cabeça quando tinha 18 anos?", mas perdoa-me o exagero, porque estou consumida por todos estes sentimentos. Sinto-me em conflito comigo mesma e sinto-me a explodir silenciosamente cada vez que vejo que perdi uma oportunidade para te dizer o quanto realmente significas para mim e o bem que me fazes só por estares ao meu lado.
Não sei se te lembras de uma vez me dizeres que estarias comigo para o que desse e viesse e eu permaneci em silêncio, com os olhos pregados no balãozinho cinzento que reproduzia aquela mensagem. Mesmo que não fosse com essa intenção, o que era suposto eu dizer? Se bem me lembro, acho que agradeci num tom meio atrapalhado, mas o meu coração e o meu cérebro fizeram soar alarmes e eu tive que ligar os geradores para não ter um shut down massivo. Mais uma vez, é só uma idiotice, não é? Mesmo que eu saiba que não nutres esse tipo de sentimentos por mim, lá estou eu a saltar de nuvem em nuvem, com a cabeça na lua, perdida e ausente.
Mesmo assim, às vezes dou por mim a questionar-me "E se não fosse assim? E se eventualmente, algures no final da linha, não fosse a única toda atrapalhada com isto?". Permite-me estas infantilidades, mas sou uma mente romântica, já vi demasiados filmes e já li demasiados romances para lá no fundo não ter uma esperança de que um dia possamos olhar para trás juntos e rir de quando éramos parvos e não conseguíamos passar da cepa torta. Uma rapariga pode sonhar, não é? Isso nunca matou ninguém...
Tenho uma pequena parte de mim silenciada, que me diz que eu devia dizer-te tudo isto, just get it over with, porque estou a torturar-me a mim própria. Por mais que seja verdade, ainda sou demasiado cobarde para aceitar as consequências que isso terá e chegará o dia em que vou ser capaz de te dizer isso e depois quem sabe, apenas pegar nisso e seguir em frente. Não vou conseguir agir como se nada tivesse acontecido e como se nunca tivesse sentido nada, mas quem sabe se falar disto abertamente contigo não será o primeiro passo para deixar mesmo de o sentir? O dia chegará  e penso que ambos estaremos cá para o ver.
 Nunca serei como a Rose no Titanic, a olhar para um colar (perdoa-me se não acertei, acho que já sabes que nunca vi esse filme todo) e a pensar nostalgicamente em tudo isto. Não vou acabar deitada numa poltrona a falar com alguém que no fim me vai perguntar "então e o que é que sentes em relação a isso?", convínhamos que gosto de ser melodramática, mas assim tanto também não.
Peço-te outra vez que me deixes dar-me ao luxo de usar todas estas hipérboles e que não dês muita relevância à forma exagerada e teatral como estou a expor isto, mas às vezes há que ser mais eloquente, parece bem.
E onde é que isto nos deixa?
Numa situação em que eu luto contra tudo o que me diz para te dizer como me sinto e tu numa situação de ignorância, sem saberes o que se passa por trás das cortinas. Consigo viver perfeitamente com isso porque é o que tenho estado a fazer depois de todo este tempo e depois de ver que não conseguirias lidar com este fardo. Consigo ser desagradável ou se calhar mais fria do que gostaria de ser contigo porque também não quero ser mal interpretada. Sei que se calhar há coisas que digo que noutra situação me poderiam denunciar, mas um jk faz maravilhas.
E é isto, sinceramente. Talvez um dia poderei dizer-te todas estas coisas sem rodeios, directamente e sem medo de consequências... mas hoje não é esse dia.

Yours,
Carolina